terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobre os Sindicatos - versão inicial



MINHA PARTICIPAÇÃO

Me chamo Antonio Marques, sou professor de Filosofia no Ensino Médio público no estado de Minas Gerais há pouco mais de 3 anos. Insatisfeito com a minha condição trabalhista resolvi participar da chapa única que disputou o Sindicato da minha categoria em Uberlândia-MG, o SindUTE. Foi a maneira que encontrei de aproximar. Nestes quase 16 meses que faço parte do direção local tenho visto, ouvido e vivido muita coisa. Tenho aprendido muito, tenho visto a luta árdua de muita gente comprometida...E ainda tenho muito a aprender com todos, muito a elogiar, mas também a entender.

Fora do Sindicato, sou sindicato e sou questionado sobre as mais diversas questões, contudo ainda tenho tido minhas dificuldade em responder algumas.

Reconheço do Sindicato, suas lutas, suas conquistas, seus avanços... e tento fazer minha parte para melhorá-lo ainda mais, mesmo que de modo incipiente, parcial, limitado, precário, mínimo e insuficiente. Estou fazendo o que consigo, o que posso. Não faço tanto quanto alguns, mas não sou omisso.
  
Contudo também tenho minhas leituras de mundo que estão abertas para serem aprimoradas ou mesmo substituídas diante de argumentos.

Um aspecto da luta merece comentário. A participação nesses espaços aumenta sobremaneira nosso sofrimento psíquico. Se a luta é de classes, o que deve se esperar se não dureza? Mas é esta a única e principal luta árdua a ser travada?

Muita gente reproduz um discurso pronto e fácil contra o Sindicato, mas que não para de pé diante de duas ou três perguntas. São críticas infundadas e simplistas de pessoas que repetem o que ouviram sem nenhuma criticidade, do mesmo modo que repassam mensagens de whatsapp sem ao menos terem lido ou checado a fonte. Quase sempre são pessoas ausentes dos processos de publicização, acordo e decisão, como as reuniões e assembleias.

Por outro lado tenho ouvido críticas das quais discordo por princípio. Discordo que membros do sindicato não possa ter partido, nem assumirem cargos de indicação enquanto existirem no estado brasileiro, não se candidatarem a cargos eletivos, nem terem um mínimo de vida social. O preço a se pagar por trabalhar voluntariamente num Sindicato não pode ser a perda de direitos constitucionais. Contudo tenho pleno acordo que no Sindicato deve ser feita a luta do Sindicato (de categoria e de classe) e não a do partido. Discordo da instrumentalização e do aparelhamento dos sindicatos para fins partidários ou eleitoreiros. Assim como estou atento aos processos de cooptação.

O SINDICATO É IMPORTANTE, MAS TEM FALHAS E PODE SER MELHORADO

Sem sindicato como travar nossas lutas contra o estado e o capital? O Sindicato da nossa categoria não funciona como gostaríamos, mas é o instrumento que temos. É por ele que temos legitimidade para nossas ações. Em 2015 fui no Ministério Público fazer uma denúncia e fui aconselhado a fazer uma representação pelo Sindicato. Se, por exemplo, fizermos uma paralisação, tirada na Escola que trabalhamos, sem que isto tenha sido aprovado pelo Sindicato mineiro ou pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) não teremos respaldo legal. Então temos para onde correr? Somos, se pretendemos reivindicar alguma coisa, dependentes do sindicato. Imagino que seja esta questão que Situacionistas e Horkheimer quiseram dizer ao ressaltarem que a luta de hoje é também entre, de um lado a massa dos trabalhadores – que não possuem meios para sua expressão direta- e, do outro lado, as burocracias sindicais e políticas que controlam o direito de negociar em nome dos trabalhadores?

O Sindicato é falho, mas ainda assim é a principal ferramenta de luta das categorias. Se quisermos um sindicato melhor, ou fundamos outro, ou montamos uma chapa para disputar a direção do existente nas próximas eleições ou participamos das chapas e grupos existentes. Se todos os trabalhadores, alienados, indiferentes, apolíticos, covardes, preguiçosos, que deixam para o outro, que terceirizam a luta.....fossem filiados em seus sindicatos e se todos os filiados fossem participativos, já teríamos há tempos reestruturado todo o metabolismo social com base na auto-organização da classe trabalhadora. Temos pela frente a reorganização do Sistema (econômico, político, social, espiritual, sindical, educacional,....) como um todo, e para tal é necessário que nos Engajemos nas trincheiras de suas respectivas existências.

OUTRAS DISCORDÂNCIAS

Tenho também, nesta experiência, discordância de muitas outras ideias.

              Discordo do modo de pensar “8-80", "tudo ou nada”. Vejo as coisas menos como “apagado ou acesso” e mais “que direção e sentido se encontra no espectro?” Ou seja, se a esquerda não consegue governar, aprenda o quanto antes. Faça avançar sua eficiência, qualidade,...E este mesmo tipo de raciocínio vale para o Sindicato, não feche as portas, seja eficiente com o auxílio de todos.

         Discordo que para fazer parte de um Sindicato tenha que fazer uma disputa pelo maior sacrifício que se consegue fazer por amor à causa. A luta é pela melhoria da qualidade de vida e do mundo e também somos parte disto.

              Discordo de qualquer militância que humilha, exclui, desmoraliza, vaia e silencia aqueles dos quais se discorda. Discordo e repudio toda e qualquer tentativa de silenciamento e de intimidação. Seja em nome da tática, em nome da causa, em nome do movimento, em nome da mobilização,...em qualquer outro nome.

      Discordo da demonização da política e dos políticos Não adianta demonizarmos e criminalizarmos genericamente a política. Fica pior. Resolver os conflitos pela política é menos pior do que pela guerra. Se queremos barrar alguma legislação temos que ter maioria nos fóruns em que são votadas, por isto a disputa do parlamento está entre as tarefas emancipatórias da classe trabalhadora. Assim como melhorar a eficiência e diminuir o custo de nosso parlamento, um dos mais caros do mundo. Isto tem que ser mudado. Temos que conhecer os políticos. Saber o que fazem. O que prometem. O que cumprem. Temos que fazer o controle social cidadão da política.

•         Discordo do pensamento que trata acusados como se tivessem sido julgados e condenados. O direito constitucional da dúvida, da presunção de inocência, deve ser respeitado, mas também discordo da tentativa de blindar ou de impedir o apuramento, de modo correto, de qualquer tipo de denúncia. 


                  Neste sentido discordo que avaliar criticamente os governos do PT é ser golpista, de direita, ingênuo ou coxinha...

             Discordo que avaliar criticamente o Governo do Pimentel seja apoiar o Aécio, ser golpista, de direita, ingênuo ou coxinha...


COMO AVALIO?


1.      O CAPITALISMO
O capitalismo é um sistema em decadência: lucra em cima da especulação financeira e da exploração do trabalho alheio. Essa engrenagem enferrujada que tanto sofrimento causa precisa ser parada e substituída por outra organização baseada no bem comum, dê a ela o nome que se quiser. O que não podemos é nos conformar com a insanidade de nossos tempos onde a crise recai sempre sobre os mais fracos.


2.      O PT
Fui contra o Golpe e sou pelo FORA TEMER e se num segundo turno sobrar PT e PSDB/PMDB/DEM, é bem provável que voto no PT. Mas nenhuma ilusão. O PT não me representa. Não fez o que podia ser feito e governou sobretudo para a burguesia.
O Governo nacional do PT talvez tenha sido um dos melhores governos que o Brasil já teve, mas tentou agradar aos trabalhadores e aos seus exploradores ao mesmo tempo, pois manteve na essência a política econômica neoliberal: pagamento da dívida pública e taxa de juros altas. É possível agradar à todos ao mesmo tempo, quando o cobertor é grande, mas se ele encurta é na base da pirâmide que se tem feito os arrojos.

O PT ao chegar ao poder abraçou as velhas oligarquias como Sarney, Jucá, Renan, Michel Temer, Eduardo Cunha. Colocou em seus primeiros escalões de governo, neoliberais e representantes do latifúndio como Henrique Meirelles, Joaquim Levy e Kátia Abreu...E o preço por esta aliança com a direita e por não ter feito as reformas estruturais foi o golpe de estado.

E as eleições de outubro de 2016 mostraram um pouco deste resultado. O PT perdeu 6 de cada 10 votos que teve na eleição passada, de 2012. Encolheu 60,9%. Passou de 630 para 256 prefeituras, 374 há menos. Parte é perseguição, um sentimento anti-petista baseado no irracionalismo mas parte são erros concretos que precisam ser reconhecidos não apenas de modo retórico e eleitoreiro mas com mudanças de atitudes também concretas.

13 anos na gestão da união e não fizeram uma única reforma estrutural, não auditaram a dívida pública, não taxaram as grandes fortunas, não democratizaram a mídia.

3.      O GOVERNO PIMENTEL / PT-MG
Os 12 anos que o PSDB governou o estado de Minas Gerais foram tão cruéis que é impossível não reconhecer aspectos positivos no Governo Pimentel. O governo do Aécio/Anastasia foi tão ruim, que hoje, conseguir uma reunião de negociação, obrigação de qualquer governante, sem a necessidade de fazer greve é avaliado como vitória do movimento, tamanho foi o massacre da categoria na gestão anterior. Já o Pimentel parece um bom moço, quase sempre disposto a dialogar, à prometer, a “estar junto” com os trabalhadores. Mas não dá para negar que é um absurdo surreal ter que lutar por um acordo, depois lutar para que o acordo seja cumprido, depois lutar para que o acordo seja cumprido na totalidade....
Sem dúvida que o Pimentel é menos pior, mas está anos-luz de ser o governador que precisamos para esta fase histórica, até por que, povo livre de fato, se autogoverna.

O governo Pimentel não é igual ao governo Aécio/Anastasia:
              Ele aceitou que o Piso Salarial devesse ser pago por 24 horas e não apenas para 40hs.
          Aceitou que o mesmo devesse ser estendido para todas as demais categorias da educação e não apenas para professores.

Já se ele tem mesmo se esforçado para cumprir o que aceita e acorda, tenho minhas legítimas dúvidas.


PERGUNTAS
              Quanto custa nossa pauta de reivindicações?
              Como funciona o orçamento do Estado de Minas Gerais?
              Por que não se pede uma auditoria da dívida do Estado de Minas?
              Quais são os funcionários do estado envolvidos com nossas reivindicações?
              Do início do governo Pimentel até hoje qual foi nosso aumento real, descontado a inflação?
        Qual é a situação do trabalhador da educação estadual mineira quando comparada com os demais trabalhadores da educação de outros estados brasileiros e do distrito federal?
           No estado de Minas como é a pirâmide salarial e em que lugar nela nos encontramos, cada uma das sete categorias?

PROPOSTAS ao SINDICATO
          Praticar ainda mais, enquanto Sindicato, tudo que reivindicamos dos Governos: transparência, democracia e verdade.
   Encaminhar a decisão, tirada no Encontro Regional de Araguari, de contratação de um advogado para ter um jurídico regional.
      Fazer prestações de contas do sindicato nas escolas, em forma de gráficos, acessíveis e com periodicidade.
           Fazer um estudo comparado da maneira como cada subsede em Minas utiliza seu orçamento.
          As postagens do SindUte devem sair primeiro no Site do SindUte-Uberlândia (que atualmente não existe) e então replicado nos blogs que se desejar.
          Os filiados devem ter à distância acesso à informações sobre todas as reuniões do Sindicato, o resultado das feitas, e a pauta, data e local das que se farão.
    Reivindicar  a liberação do representante de escola para participarem das reuniões que ocorrerem nos horários de trabalho.
   Emissão de Certificados para todo curso de formação que o SindUTE/CNTE/CUT/IE promoverem. Não faz sentido lutar por promoção e progressão das pessoas e não fornecer a elas, certificados para que possam provar seus lattes.


Nenhum comentário:

Postar um comentário